sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Hoje tô a vender, tô a vender.....
To a vender Ratinho! Ratinho! Ratinho! Ta 20 metical senhora!
Quem vai quereeeer? Ratinho de todo tamanho e tipo, ratinho,
mutxilo, txoro, ratazana, camundongo! Espeto de 11 paga 200!
É rato mesmo! Não é Pomba!
É rato queimado na brasa!
Leva cinco ganha refresco!
Mata-bicho, almoço e jantar!
Vai querer senhora?

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009


Oi pessoal, chegou o tempo das queimadas aqui, tudo mudou. Kilómetros e kilómetros de mato queimado. Esta é uma ex-floresta natural nas encostas de Morrumbala a caminho de Pinda. Geralmente, as queimadas são propositais, seja para conter o mato qe não demora muito a engolfar as casas se lhes deixar, seja para conter os bichos que vivem alí, tipo ratazanas, lagartos, cobras, aranhas e ás vezes uns macaquinhos que adoram roubar roupa de varal. O pessoal das "comunidades"também aproveita para pegar esses bichos quando eles saem correndo do fogo. Só que o problema é que se não tem água para beber, imagina para apagar fogo. Não também. Daí que o fogo vai embora comendo mato adentro e queima praticamente tudo. Algumas partes que foram queimadas são aproveitadas para fazer "machamba" (plantação). Daí então, as ex-árvores são cortadas de forma que ficam são os tocos delas de mais ou menos 1 metro de altura, abrem os canteiros, fazem a "sacha" (tiram o ex-mato que sobra), e plantam. Normal. É esse o melhor jeito de se plantar em 80% das machambas moçambicanas.
Agricultura de sequeiro, ou seja, só nasce se chover na hora certa e no lugar certo. Alguns armazéns para a produção, muito pouca rega, nenhuma estufa e quase nenhuma nenhuma outra forma de plantar.
obs: para o Antonio, fiz a árvore falar hein? Juto que não photoshopei. Não que nem a Ingrid, mas também não fiz Faculdade pra isso....rss
Abraços

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

No meio da margem do mundo. Epa, essa e mais outras frases ficaram vindo na minha cabeça quando estava escrevendo mais um post "bimensal" do meu blog, como bem notou a Michele no post passado. Mas teve outras frases que vieram, tipo na margem do meio do Guimaraes, à margem do mundo etc... Mas enfim, eu queria mostrar essa foto por causa do colorido, do movimento das pernas daquelas senhoras alí no meio, que estavam passando, no vento, com seus vestidos coloridos e as capulanas como sempre servindo pra tudo, nesse caso para enrolar as trouxas de roupa que elas estavam trazendo do rio. Olha que nice!


- Rio??? Como assim rio?
- Yes I know, quê rio? O outro motivo que eu queria mostrar essa foto é porque mostra bem aquela questão de seca e chuva e falta de condições de vida. Saibam que aquilo alí é o leito do rio Chire e não o Sahara. Na época seca, é claro, lá por meados de Maio. Então, as mamanas pegaram a trouxa de roupa da sua familia e atravessaram a pé o leito do rio seco até chegar num filetinho de água, lá! no finzinho do fundo. Onde todas as mamanas da vila sempre ficam (nessa época) com o seus montes de criançinhas, muito pretas e muito malucas pulando na água, tipo qualquer criança mesmo. Igualzinho a qualquer lugar.

Prontos, depois voltaram, alí já é o caminho de volta, da pra ver pelo jeito delas andarem, não dá? Acho que dá, sei lá porquê? Dalí a um tempo só de canoa. Ai entram os homens pra pescar. Muita pesca com rede mosquiteira (que acaba intoxicando o rio). O tempo de chuva é dos homens, o de sol é das mulheres. Eu queria ficar aqui tempo suficiente para ver alí homens de canoa e tirar a mesma foto do mesmo lugar.

sábado, 29 de agosto de 2009














Se voce desse derepente com esses olhos o que faria?

Essa mulher se chama 'Bonita'. Pois é, é o nome dela. Acreditem, de longe era possível notá-la, chegávamos num povoado em que faríamos mais uma reunião de apresentação do projeto, dava para notá-la, e bem. Havia cerca de 30 pessoas reunidas para o encontro entre presidentes e associações, tesoureiros, lideres locais, régulos e associados. Homens e mulheres eram mais ou menos em mesmo número. Eles em bancos - elas no chão. Mais umas 10 cabras, 20 galinhas, patos e cachorros e mais umas cobras no mato. Tudo a céu aberto debaixo duma árvore numa desarmonia incrível.

Realmente, Bonita tem olhos incriveis, fortes e de onde era possível perceber o "Djob" daquela vida alí no mato.

Estranho, uma mistura de feiura com beleza, praticamente nem prestei atenção na reunião e fiquei muito tempo olhando pra ela numa de perceber o que ela estava pensando. Numa certa altura percebi que ela olhava um pouco irritada para alí mais adiante. Nesse momento tirei essa foto sua um pouco desfarçadamente, mas acho que todos perceberam. Depois tentei ver para o que ela olhava: era seu filho ou seus filhos que certamente deviam ter feito alguma coisa errada e estavam tentando se esconder.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Ola, esta é a primeira postagem do Blog dos Viajantes! Para a estréia eu escolhi essa foto, tirada em Mutarara. Um distrito de Moçambique que fica na província de Tete, zona centro do pais. Ali é o posto administrativo de Inhangoma, na regiäo do Vale do rio Zambeze, ao fundo esta uma montanha chamada Marrambala (barreira das águas, em língua Sena) e eu estou no alto de uma colina de basalto 'de onde e aonde' as casas dali são feitas. Não tem casas no areial alí na frente porque nos meses de chuva aquilo é um rio, afluente do Zambeze. Nesse tempo, muitos rios aparecem e a água que eles trazem sempre transborda e alaga boa parte dessa planície que voces estão vendo. Muitas pessoas vão para as partes altas, como a que eu estou, umas outras tantas não querem deixar de viver ai, apesar de todos os anos acontecer a mesma coisa e de todas as campanhas de ajuda humanitária. As pessoas se acostumaram àquilo, a ponto de que é comum numa conversa ouvir se referirem a essa planície como 'a ilha'. Na ilha eles tem suas casas, sua familia, tem sua comunidade, sua machamba, seus mortos enterrados e seus currais. Parece teimosia, mas não é. Naquelas condições de vida sair do seu meio, do seu lugarzinho, dalí onde as pessoas te conhecem é muito difícil.